Viajar sozinho de moto é, para a maioria de nós – ambos pilotos novatos e experientes -, uma experiência muito pessoal e emocionante. No entanto, compartilhar a alegria de andar com outras pessoas além daquelas que andam ao seu lado pode acrescentar muito mais cor à vida.
E, especialmente quando se trata de quem gosta de fazer viagens mais longas, ter um passageiro significativo na garupa é praticamente duplicar a diversão. Porém, andar com outra pessoa na moto traz consigo um conjunto ligeiramente diferente de regras, e o propósito deste guia é ajudar novos pilotos entender melhor o que a pilotagem com passageiros significa e prevenir os mesmos de cair em problemas desnecessários.
Viajar em duas rodas já é um negócio arriscado e tornar as coisas mais difíceis não agradará nem piloto, garupa e outros companheiros de viagem, por isso, aqui vamos nós!
Aspectos e princípios básicos
É ideal que você já possua alguma experiência em viagens de moto antes de levar alguém para um passeio que seja divertido e seguro. Conhecer a moto que será pilotada também deve ser levado em consideração, para que seu passageiro possa rodar com o máximo de conforto possível, evitando saltos, solavancos e freadas bruscas.
É imprescindível também, que o(a) passageiro(a) tenha pelo menos a mínima noção do que é andar na garupa de uma moto. Não vá levar a esposa ou namorada inexperiente numa viagem de mil quilômetros sem antes dar alguns passeios curtos pois, a única coisa que você poderá conseguir neste caso será uma cara feia durante toda a viagem.
Confiança e comunicação
Quando alguém sobe a bordo de sua moto, você assume responsabilidade total por esta pessoa. Você é o único responsável e você é a única que pessoa a qual o passageiro confia a sua segurança, então o negócio é sério. Você deve confiar no seu passageiro e ele ou ela deve confiar em você. É uma relação de mão dupla, reforçada por uma comunicação.
Mesmo que o garupa ideal fosse um “saco de batatas amarrado ao banco de trás”, isso não significa que o seu passageiro agirá como uma estátua. Então esteja preparado para ouvir perguntas e cumprir exigências, como diminuir a velocidade, pilotar de forma menos agressiva e/ou ter mais cuidado nas curvas.
Lembre-se sempre que com você está um ser humano na parte de trás, e seres humanos têm medos, alegrias, e gostam de expressá-las. A comunicação é essencial a bordo de uma motocicleta, assim como na vida real.
Andar com um passageiro também não precisa transformar-se em um bate-papo, que pode (e vai) desviar a atenção do piloto. Da mesma forma, deve-se evitar discutir assuntos que requerem muito esforço mental. Um piloto distraído é um piloto a menos na estrada.
Se você está levando seu passageiro pela primeira vez a bordo de uma moto, certifique-se de escolher um trecho fácil de andar e sem problemas. Se possível, busque um cenário agradável. Certificar-se de que seu passageiro está confortável de vez em quando é sempre bem-vindo e acumula muita confiança. Se você ainda não entendeu o lance de confiança, por favor leia este sub-capítulo novamente.
Do ponto de vista tecnológico, temos uma vasta gama de intercomunicadores que facilitam a conversa entre piloto e garupa e até mesmo entre outros pilotos e garupas que estão na mesma viagem. Se você pretende fazer longas viagens acompanhado e tem alguns trocados sobrando, vale muito a pena investir neste conforto.
Condição da moto
Assim como você, se estivesse prestes a pilotar uma moto que nunca pilotou, iria preferir que a mesma estivesse perfeitamente em ordem, seu passageiro conta contigo por manter sua motocicleta segura e revisada.
A segurança de seu passeio depende da condição da motocicleta, e é melhor certificar-se a mesma está em boas condições de funcionamento.
Começando com pneus decentes, com bastante banda de rodagem restante e sem bolhas ou outros defeitos. Os freios devem estar funcionando como deveriam e a suspensão deve ser capaz de suportar o peso extra, e praticamente todas as coisas que você verificaria antes de rodar sozinho: fluido de freio, combustível, nível do óleo, luzes e pressão dos pneus.
Uma motocicleta bem preparada torna as coisas mais fáceis para vocês dois e mais divertido também.
Acessórios pessoais
Seja homem ou mulher, na garupa ou no comando. Utilizar roupas e acessórios adequados tornará o passeio, além de mais seguro, muito mais prazeroso.
Para passeios curtos, você pode até pedir um capacete emprestado de algum de seus amigos, no caso de você não ter um extra, porém se você pretende rodar com esta pessoa regularmente, é hora de ir às compras.
Tudo começa pelo capacete, deve-se levar em consideração o tamanho ideal, que não fique muito folgado e que seja homologado e testado por instituições de segurança. Numa viagem curta não se nota muita diferença entre um capacete de R$300 e R$3.000, porém experimente ficar 10 dias na estrada com um capacete ruim, que não ventila ou que entra vento ou ruído demais, garanto que haverão alterações de humor.
As luvas são o segundo item no checklist de segurança, uma vez que irão proteger as mãos do seu passageiro, mesmo no caso de um tombo bobo, em baixa velocidade. Por que raspar a pele contra o asfalto, quando você pode se proteger muito bem usando luvas? Sem contar as condições climáticas, como frio e chuva, por exemplo. Nestes casos o uso de luvas específicas (como as impermeáveis) torna-se imprescindível.
Vestuário
No caso das botas e das roupas, o assunto pode ir longe, porém posso resumir. Tudo depende de quanto você está disposto a arriscar a sua pele. Jeans e camiseta são quase que escolhas automáticas para rodar na cidade, porém em qualquer deslize sua pele estará exposta em menos de um segundo.
Para a estrada o risco só aumenta. Se você cair em alta velocidade, a distância que seu corpo deslizará sobre o asfalto pode multiplicar várias vezes. Para evitar este risco existem jaquetas e muitos conjuntos produzidos com a finalidade de proteger justo nestes casos.
Roupas especiais para condições climáticas específicas também são bem vindas quando se sabe (ou se imagina) que haverão intempéries no trajeto. Capas de chuva, conjuntos impermeáveis e demais acessórios adicionam imensurável conforto ao passeio. Só quem viajou com a roupa ensopada sabe como isso é desconfortável.
Para as botas ou calçados, o mesmo dilema. A coisa é mais ou menos assim, quanto mais desconforto para andar, mais segurança para rodar. Vai da prioridade de cada um.
Briefing de segurança
Se você vai começar a andar com alguém que nunca montou ou viajou numa moto, você deve instruir ele ou ela sobre algumas questões básicas de segurança.
Novos passageiros têm uma tendência natural de manter-se com a coluna ereta, qneuanto você e a moto inclinam-se para fazer uma curva. Explique à pessoa que ela deve manter-se relaxada de uma forma segura – com as mãos e os pés em firme contato com a moto. Instrua seu passageiro que ele ou ela jamais deverá fazer movimentos bruscos enquanto você pilota, porque isso pode levar os dois para o chão.
Você deverá ensinar também que, durante uma frenagem mais brusca, o passageiro deve se ater com mais firmeza à moto, evitando de empurrar o piloto tanque acima. O passageiro pode fazer o uso das alças que geralmente estão em suas costas ou até mesmo apoiar-se sobre o tanque, passando os braços ao lado do abdômen do piloto.
É prudente avisar ao passageiro sobre as condições da estrada à frente, trepidações e buracos são obstáculos que podem ser neutralizados com prévio aviso (e diminuição da velocidade).
A pilotagem
Andar com um passageiro significa mais peso em sua moto e isto, por sua vez, significa que a pilotagem da sua moto vai ficar completamente diferente. Estar consciente disso e aprender a adaptar-se às novas condições de pilotagem é essencial se você pretende com um garupa.
A primeira coisa que você notará é que a moto fica bem menos estável em baixa velocidade: dado o peso adicional, mantê-la na posição vertical vai ser um pouco mais difícil, e se você não é um piloto dos mais fortes, tenha cuidado extra. As curvas em baixa velocidade ficam muito mais complicadas, por isso, tenha sempre em mente de que talvez seja necessário colocar um dos pés no chão para evitar uma queda.
Treine saídas menos bruscas e com mais torque, lembre-se também de trocas de marcha mais suaves. As frenagens também deverão ser calculadas com antecedência, mais peso é igual a mais distância de frenagem.
Conclusão
No final das contas, andar com um passageiro é uma coisa que todos nós provavelmente teremos de aprender em algum momento da vida, e será como a primeira vez que você andou numa moto. Tenha calma e leve as coisas em seu próprio ritmo.
Rodem longe, rodem juntos, rodem seguros!
Via.